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domingo, 31 de agosto de 2014

Tudo Sobre Cursed Mountain





A escassez de representantes legítimos do gênero survival horror para o Wii pode ser apontada como a responsável pela esperança gerada na divulgação de algumas imagens e informações de Cursed Mountain no ano passado. Produzido pela Deep Silver e desenvolvido pela Sproings Interactive, o jogo teria ambientação no Himalaia e vinha com a promessa de manter o jogador em constante tensão. Entretanto, após seu lançamento, percebe-se que o resultado não corresponde exatamente ao esperado.

De forma simplória, através de desenhos estáticos e animações pouco trabalhadas, o jogador é introduzido à história básica do jogo logo antes de assumir o comando de Eric e aprender os controles. Em termos mais sinceros, um início devagar e pouco interessante. O irmão do protagonista desapareceu misteriosamente durante uma expedição ao Himalaia com o objetivo de encontrar um amuleto sagrado, e sua tarefa é encontrá-lo. A procura leva diretamente até uma cidade abandonada na montanha, e é lá que diversos fatos misteriosos começam a surgir.


A primeira cidade, assim como as outras menores que a seguem, é repleta de casinhas quase iguais com portas trancadas. As únicas acessíveis são aquelas que servem de caminho para cumprir o primeiro objetivo. O mesmo vale para os becos e alamedas, curiosamente bloqueados por alguma quinquilharia. De certa forma, pelo menos, isso evita uma grande perda de tempo que seria ocasionada pelo ritmo lento do personagem, prejudicado ainda mais pelas incansáveis distâncias e pelas intermináveis necessidades de retornar a pontos já superados.

Inicialmente, Eric começa a enxergar fantasmas perambulando pela cidade, e seguir pelo mesmo caminho é a sua única opção. Munido de um machado para escalada, que, por enquanto, só pode ser usado para destruir vasos espalhados pelo cenário, você acaba encontrando um monge sobrevivente. Ele pede que você encontre um amuleto para acoplar ao seu machado e ensina a combater os fantasmas através do terceiro olho, útil também para revelar segredos escondidos ou abrir portas bloqueadas por maldições.

A partir daí, quebrada de vez em quando pela luta contra um chefe demônio, a repetição de enfrentar espíritos torna-se constante. Eles podem estar em qualquer lugar, desde os interiores até os telhados das casas. Em certos momentos, os fantasmas aparecem em grupos, porém, a dificuldade só aumenta quando os espíritos mais evoluídos e difíceis começam a aparecer. Já que, na maioria das vezes, fugir não é uma opção, você pode atacar de duas formas: diretamente com sua arma ou com uma magia lançada pelo amuleto acoplado durante a visão do terceiro olho. A segunda é de longe a melhor, permitindo batalhas em que o inimigo nem se aproxima de você. Para finalizar, quando aparece um símbolo no corpo do espírito, você executa um movimento aleatório estipulado pelo jogo com o controle e/ou Nunchuk e ele desaparece, deixando às vezes um incenso de brinde.

Aliás, esses movimentos que garantem a finalização do oponente abriram espaço para uma falha grave. É extremamente frustrante realizar tudo como o jogo pede e na hora de imitar o movimento solicitado não ter seu esforço reconhecido. O reconhecimento dos movimentos é terrível e resulta em mortes injustas e desnecessárias. Em chefes, a chance de isso acontecer é ainda maior, já que para destruí-los é necessário realizar uma série complicada de movimentos não só para acabar com eles, mas também para finalizar com os elementos amaldiçoados do cenário, o que pode acabar parecendo impossível.

Alguns minigames também utilizam o mesmo artifício, criando situações em que é necessário movimentar o controle de forma circular, por exemplo, enquanto o Nunchuk deve ser interpretado como um sino. Estranhamente, isso faz com que seu personagem chame um espírito ou entre em estado de meditação. A tarefa acaba resultando em frenéticas chacoalhadas do controle sem direção alguma, já que o jogo não reconhece o movimento circular. Felizmente, passados alguns minutos sem resultados positivos, mas cansativos, a história continua normalmente.


Para os exploradores, há livros e estatuetas escondidas nos cenários, além dos abundantes Incense Sticks. Estes últimos servem para recuperar parte de sua vida em monumentos espalhados pelo jogo. Já os livros contam uma boa parte da história que não aparece nas cutscenes, incluindo a de Frank, o irmão desaparecido. Todavia, a maioria deles trata de pessoas explicando como tentaram proteger suas casas, o que foi deveras inútil, pois morreram. As estatuetas não aparecem na mochila nem parecem ter alguma utilidade, por isso não são muito importantes.

Há também a possibilidade de melhorar sua arma encontrando amuletos diferentes que podem ser usados na hora da batalha com o modo do terceiro olho. Todos ficam disponíveis e podem ser facilmente trocados na mochila, já que, dependendo da situação, cada um traz suas vantagens. Contudo, não existem muitos para encontrar e, assim como quase todos os itens do jogo, são difíceis de passar despercebidos, principalmente com um feixe luminoso apontando suas localizações.

Do ponto de vista técnico, Cursed Mountain não apresenta gráficos exuberantes nem uma trilha sonora relevante, apesar da dublagem convincente. Contudo, a atmosfera tensa do jogo não aparenta sair muito prejudicada. Os casuais gritos e sussurros e o ambiente misterioso do Himalaia criam certo aspecto de terror, porém, é notável o uso de alguns truques baratos. Os constantes momentos em que não se vê nada, criados por escuridões ou neblina, e o repetitivo som do vento de uma nevasca são exemplos desse tipo de malandragem. Se uma das promessas do título era manter o jogador em constante tensão, de certa forma conseguiu. Os fantasmas tendem a surgir do nada e as cutscenes também, muitas vezes com uma imagem assustadora acompanhada de um baque. Uma fórmula interessante para provocar sustos repentinos.

Apesar da pequena demora para engrenar, a história merece ser ressaltada como algo bem favorável. Após um tempo jogando, você percebe a envoltura do enredo e como foram bem trabalhadas as questões relacionadas aos fatos misteriosos e suas explicações. Tudo isso com um grande apelo cultural, com direito a estátuas de deuses, pinturas e termos das crenças locais. Profundidade na história não é algo muito fácil de encontrar dentre os jogos, por isso afirmo com toda a certeza que esse se sai muito bem nesse aspecto, contando ainda com uma ambientação satisfatoriamente oriental e montanhosa do cenário.


Cursed Mountain é uma experiência solitária e misteriosa, abordando em sua origem a morte e um determinado ponto de vista para o que vem depois. Falhando miseravelmente em alguns sentidos, como os controles péssimos, o jogo ainda consegue superar a si e a seus semelhantes em outros. Se a avaliação dependesse somente da história, do enredo, da ambientação e da originalidade, teríamos em mão algo de exímia qualidade. Porém, está claro que faltou polimento. Por isso que, infelizmente, Cursed Mountain ainda não é o esperado salvador do gênero no Wii. Resta a nós aguardar.

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