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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Abragames cria programa para exportar games feitos no Brasil

Brazilian Game Developers (BGD) é programa para tentar exportar jogos feitos no Brasil (Foto: Divulgação/BGD)Brazilian Game Developers (BGD) é programa
para tentar exportar jogos feitos no Brasil
(Foto: Divulgação/BGD)
Enquanto o mercado de games no Brasil cresce com a venda de consoles e jogos, além do aumento do interesse de empresas estrangeiras que fabricam videogames e títulos localmente, o desenvolvimento de jogos eletrônicos no país não acompanhou o mesmo ritmo.
Com objetivo de promover internacionalmente os games criados por estúdios brasileiros, fechando negócios para exportar os títulos, elevando o nível de negociação das empresas locais com companhias estrangeiras e capacitando estas empresas para o mercado global, a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) criaram o programa Brazilian Game Developers (BGD).
O anúncio oficial do programa de promoção internacional de games feitos no Brasil será feito na próxima semana.
"O primeiro convênio com a Apex levará empresas brasileiras para o Game Developers Conference em 2014 [evento que acontece em San Francisco, nos Estados Unidos] e trará empresários e produtoras para o país em 2013 para fazer um projeto comprador", explica Ale McHaddo, presidente da Abragames em entrevista exclusiva ao G1. "Traremos os associados do programa e juntaremos com estes empresários. O evento deve acontecer no final do ano". A data ainda está em estudo, já que a associação tenta levar mais empresas e fechar mais eventos.
Ale McHAddo é presidente da Abragames (Foto: Divulgação/Abragames)Ale McHAddo é presidente da Abragames
(Foto: Divulgação/Abragames)
Até o momento nove empresas que desenvolvem jogos no país estão associadas ao programa BGD: Luckee, Playerum, Daccord, Hoplon, MTI Studio, Redalgo, Interama, Arena 46 e 3D Voyage. A previsão de MacHaddo é que mais se filiem nos próximos meses.
O encontro dos desenvolvedores brasileiros com as empresas funcionará da seguinte maneira: os associados do programa BGD levarão seus jogos que podem ser exportados terão, em princípio cinco minutos para a apresentação e depois podem estender a conversa para tentar fechar negócio. "É uma rodada grande de negócios", diz McHaddo. "Isso é muito comum no audiovisual, mas com games os negócios fecham mais rápido".
Em 2012, durante o Brazilian International Game Festival (BIG), que trouxe debates e palestras voltadas para desenvolvedores que ocorreu entre 22 de novembro a 2 de dezembro no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, McHaddo conta que seis games foram vendidos. Para ele, este foi o começo da experiência que dá forma ao projeto atual.
O objetivo é capacitar nossos desenvolvedores de games para o mercado global"
Ale McHaddo,
presidente da Abragames
A meta para o encontro de 2013 é dobrar o número de jogos vendidos no BIG no ano passado, afirma o presidente. Outro objetivo, diz McHaddo, é "elevar o nível de negociação das empresas de games brasileiras". "Queremos fazer uma capacitação de conversas, de organização de projetos, ou seja, trabalhar estes estúdios para saberem negociar para vender seus jogos. O objetivo é capacitar nossos desenvolvedores de games para o mercado global".
Para isso, as empresas parceiras serão treinadas e há uma parceria com o SEBRAE para estas "aulas de negócios". As produtoras podem vir antes do encontro para o Brasil e fazer palestras e workshops com o intuito de treinar as empresas daqui.
Segundo McHaddo, atualmente há 200 empresas que desenvolvem games, mas ativas e com jogos consolidados há 50.
Acesso a financiamentos
O presidente da Abragames diz que o BGD é uma ponta do que a associação está tentando. A outra é conseguir mais acessos a financiamentos para produzir games no Brasil. "Primeiro estamos fazendo um planejamento estratégico para o mercado. Há um estudo grande sendo feito para entender quais são as estratégias a serem adotadas para as empresas brasileiras venderem seus jogos aqui e lá fora. Estamos nos aproximando de entidades do Governo para termos acesso à linhas de investimento".
Por ter experiência no mercado audiovisual, McHaddo diz que quer tentar reaproveitar modelos que deram certo na área para o mercado de jogos. Com isso, segundo ele, a Abragames está bem próxima da Agência Nacional do Cinema (Ancine) que, "por conta do fundo setorial e da nova legislação de televisão conseguiu recriar um cenário de produção brasileira para a TV" e, também, "porque há muitas linhas de financiamento e, com isso, conseguimos produzir".
O Brasil terá um estande próprio na GDC de 2014 com o objetivo de atrair investidores e publishers estrangeiros. A meta é se aproximar das produtoras e dos mercados estrangeiros e trazer oportunidades de "outsorcing", ou seja, fazer com que estúdios nacionais criem parte dos grandes games como asfalto ou veículos em títulos de corrida, por exemplo. "Não é o principal modelo de negócios que procuramos mas traz capacitação", diz o presidente.
Presidência da Abragames
McHaddo será presidente da Abragames até o final de 2014. Ele diz que usará sua experiência na Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), da qual também foi presidente, em que disse "ter sido muito ativa". "Venho de uma cultura de audiovisual que é muito política. De se organizar, de ter contato com mercado e com os setores, o que não acontecia na Abragames". Ele é um dos fundadores da assossiação e não estava ativo há algum tempo. Mas desde julho de 2012 começou a se aproximar da Abragames e da Apex.
"Acho que havia uma crise de identidade na Abragames, que não estava trabalhando politicamente e que não estava trabalhando em favor dos associados. Acho que isso foi algo meio de 'cultura', desde o começo da Abragames. Nunca quis ser uma associação como são as associações de cinema, de TV, que pautam o setor e conversam com agências e ministérios para batalhar por políticas públicas para o setor".
Mchaddo diz que quer trazer de volta uma aproximação que a Abragames teve com o Ministério da Cultura em 2003, quando Gilberto Gil era o ministro, e que definiu games como cultura.
Ele diz que sua gestão na Abragames será definida em três pilares: conseguir exposição da produção brasileira no exterior e fortalecer a exportação; acessar linhas de financiamento,  fundo de bancos e startups e financiamento Procult do BNDES expansível pra games; consolidar a memória da produção cultural de jogos feitos no Brasil.
Neste último ponto, a Abragames tentará definir tudo o que foi produzido em termos de jogos no Brasil. O catálogo GameBrasilis, lançado em 2003 pelo Senac coletou os 32 jogos brasileiros, mas não foi mais atualizado.

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