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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Trilha sonora de games vira tema de aula no Sesc de São Paulo

Você gostaria de criar músicas tão criativas quanto o tema de Super Mario Bros? É difícil criar melodias originais até em composições fora dos videogames, mas o Sesc Vila Mariana, em São Paulo, traz uma proposta interessante com seu Lab Música: Música e Vídeo Game. A ideia é dar aulas gratuitas de trilha sonora de jogos digitais para que musicistas e curiosos estudem mais para ajudar na criação de games e outras mídias. Para conversar sobre as palestras, a coluna Geração Gamer falou com Sara Centofante, da organização do Sesc e com Thiago Schiefer (27), músico e instrutor do Lab Música.
As músicas de videogame se tornaram tema de aulas no SESC Vila Mariana (Foto: Divulgação)As músicas de videogame se tornaram tema de aulas no SESC Vila Mariana (Foto: Divulgação)
Software livre com música
“O projeto Lab Música foi criado com o intuito de trabalhar conteúdos musicais inseridos no contexto tecnológico contemporâneo, fazendo uso de software livre. Ele tem como foco desenvolver o uso de hardware e software para gravação, síntese de sons, escrita e composição musical, pensando nisso como veículos de expressão artística”, explicou Sara Centofante, animadora cultural responsável pela programação de Cultura Digital do Sesc. Ou seja, a ideia das aulas é lidar com os processos de criação das músicas utilizando programas de código aberto, mais acessíveis em alguns casos se comparados aos seus equivalentes fechados.
A trilha-sonora dos videogames é tratada como um processo cultural no SESC de São Paulo (Foto: Divulgação)A trilha-sonora dos videogames é tratada como um processo cultural no SESC de São Paulo (Foto: Divulgação)
O projeto começou em dezembro com o nome Lab Música: Trilhas Sonoras. Mas, em janeiro, os games se tornaram tema das aulas. E a ideia do projeto veio de antes. Sara explica: “O primeiro programa se chamava A Terceira Dimensão da Música: Videoclipes em 3D. O evento ocorreu em setembro e envolveu projeções de clipes de pop music e indie em três dimensões na sala de Internet Livre. Os frequentadores eram inclusive convidados a utilizar óculos de papel nas cores vermelho e azul, de modo a garantir a sensação do 3D”.
Depois dos videogames, o SESC pretende continuar promovendo eventos musicais, incluindo palestras e aulas, todos gratuitos. “No mês de fevereiro ocorrerá o Lab Música: Arranjos Musicais, aulas que vão partir de uma análise teórica de alguns arranjos de canção popular, até em plataforma digital”, completa Sara Centofante. As inscrições estarão abertas na central de atendimento do Sesc Vila Mariana a partir do dia 28 de janeiro. O evento terá apenas 15 vagas.
A última aula do Lab de Videogames
No entanto, para quem quiser ainda estudar as músicas de games, pode ir ao Sesc Vila Mariana nesta quinta-feira, dia 30 de janeiro, entre 19h45 e 21h15, e conferir uma aula ministrada pelo músico Thiago Schiefer um dos instrutores do Lab Música. Schiefer joga videogames desde os sete anos de idade, é músico há 12 anos, e já ficou famoso por versões de trilhas sonoras no YouTube. Uma música baseada no jogo Chrono Trigger chegou em 11 mil visualizações, enquanto outra versão de Chrono Cross ultrapassou a marca de 38 mil.
Thiago Schiefer toca rocknroll e é conhecido por versões de jogos no YouTube (Foto: Lucas Trabachini/Divulgação) Thiago Schiefer toca rock'n'roll e é conhecido por versões de jogos no YouTube (Foto: Lucas Trabachini/Divulgação)
“Me interesso por música de games há muitos anos, desde quando joguei Final Fantasy 7 pela primeira vez, provavelmente por volta de 1998. Por isso, Nobuo Uematsu é sempre minha principal referência. Mas gosto também de Yasunori Mitsuda, de Chrono Trigger e Chrono Cross, além de Koji Kondo, de Super Mario. Todos eles são influências muito fortes”, diz Thiago. Ele começou na guitarra elétrica e depois foi para o violão e, por fim, para o canto. A história do músico revela que boa parte das inspirações para quem quer criar sons para os jogos digitais vem de apreciar os games, ouvindo suas trilhas sonoras.
Nobuo Uematsu, da série Final Fantasy, foi uma grande inspiração para Thiago Schiefer (Foto: Amanda Louzada/Divulgação)Nobuo Uematsu, da série Final Fantasy, foi uma grande inspiração para Thiago Schiefer (Foto: Amanda Louzada/Divulgação)
Com essa experiência, o que um músico precisa, de fato, para começar a criar algo direcionado aos videogames. Thiago Schiefer dá a dica: “Há muitas coisas que um compositor precisa saber para criar trilhas para games. Cito então um dos aspectos mais relevantes ao se pensar em música específica para jogos, diferente de filmes, por exemplo: a interatividade. Música interativa é aquela em que elementos mudam de acordo com as ações do jogador ou com o contexto em que ele está inserido. Portanto, o compositor precisa, muitas vezes, pensar em algo que funcione bem numa situação calma, quando o personagem está explorando uma área do jogo, e que possa facilmente se tornar intenso quando inimigos aparecerem, por exemplo”.
Thiago não é o único instrutor do curso. "É bom sempre lembrar que essa série de aulas sobre música para games começou com a ajuda de outros profissionais. Tivemos duas aulas com o Sérgio Zurawski, conhecido pelo trabalho com a banda portuguesa de música popular Madredeus. Outras duas com o Kauê Lemos, que é compositor e diretor de áudio da desenvolvedora brasileira Insane. A aula anterior foi comigo e a última será novamente comigo”. Dentro das palestras, o professor trata com o aluno as questões de prática na criação de trilhas, além do processo de trabalho com música e áudio para games. “Eu estou tratando de assuntos mais diretamente do desenvolvimento de uma identidade sonora para os elementos dos jogos na composição musical. Analisaremos uma série de peças escritas para jogos com esses conhecimentos”, falou Schiefer.
A procura e a situação dos games no Brasil
Fã do personagem Vicent, de Final Fantasy 7, e do console Super Nintendo, Thiago também nos explicou de outras unidades do Sesc que estão promovendo eventos parecidos, além da Vila Mariana. “Na unidade de Santo Amaro está acontecendo desde o começo do mês uma atividade com jogos online e offline paraLinux. Existe mais gente trabalhando com isso no Brasil do que costumamos imaginar. A procura é grande, até mesmo de não-músicos que pretendem começar a trabalhar em outras áreas do desenvolvimento de games e buscaram as oficinas para saber mais sobre o assunto”, completa.
Thiago também é fã do personagem Vicent, o Turk agente de elite da Shinra, do jogo Final Fantasy VII (Foto: Divulgação)Thiago também é fã do personagem Vicent, o Turk agente de elite da Shinra, do jogo Final Fantasy VII (Foto: Divulgação)
Thiago Schiefer aproveitou a conversa para também falar sobre suas impressões sobre o mercado de games aqui. “Há muitas empresas brasileiras na área e muita gente querendo entrar no mercado, mas na maioria dos casos acredito que estamos engatinhando em comparação com outros países de tradição na área. Temos as nossas pérolas na música para games, como o trabalho do próprio Kauê Lemos na Insane e do Antonio Teoli em Taikodom. Há algumas desenvolvedoras fazendo coisas incríveis que a maioria de nós nem fica sabendo. Falta o interesse e o reconhecimento dos jogadores do Brasil”, finalizou.

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